Sebastião Salgado, renomado fotógrafo, que está apresentando uma retrospectiva de seus 50 anos de carreira em Londres, destacou, em entrevista à AFP, a necessidade de “conscientizar” as pessoas sobre o desmatamento do planeta.
“A fotografia é o espelho da sociedade”, afirmou Salgado, após receber um prêmio em Londres por sua carreira dedicada à proteção da natureza.
A exposição na Somerset House de Londres, que acontece até 6 de maio, apresenta uma seleção representativa das centenas de milhares de fotografias de sua carreira. Salgado expressou que, embora seja uma seleção pequena, cada foto representa um momento importante em sua vida.
Recebendo mais um prêmio em sua longa carreira, Salgado enfatizou o privilégio de ser um fotógrafo e estar presente onde as coisas acontecem. Ele ressaltou sua missão como emissário da sociedade, documentando os eventos ao seu redor.
“Um fotógrafo tem o privilégio de estar onde as coisas acontecem. Em uma exposição como esta, as pessoas me dizem que sou um artista e eu digo que não, sou um fotógrafo e é um grande privilégio ser um fotógrafo. Tenho sido um emissário da sociedade da qual faço parte”
Salgado, junto com sua esposa Lelia, fundou o Instituto Terra em 1998, uma organização dedicada ao reflorestamento da Amazônia brasileira e do planeta como um todo. Ele destacou a responsabilidade compartilhada da sociedade global no desmatamento da Amazônia e na necessidade urgente de conscientização e ação.
“Perdemos 18,2% da Amazônia. Mas não foram apenas os brasileiros ou outros países dessa região que destruíram isso, foi a nossa sociedade de consumo, por uma terrível necessidade de consumo que temos, de ganância”
Além do desmatamento, Salgado alertou para a falta de água e a crise da biodiversidade como consequências do aquecimento global. Ele enfatizou a importância de informar e conscientizar as pessoas para promover mudanças significativas.
Apesar de sua longa carreira e idade avançada, Salgado continua sua luta pela proteção do meio ambiente, sem grandes ambições profissionais, apenas buscando fazer sua parte para preservar o planeta para as gerações futuras.
“Não tenho nenhuma preocupação nem nenhuma pretensão de como serei lembrado. É minha vida que está nas fotos e nada mais”, concluiu o fotógrafo.